Editora temporária

O projeto Editora temporária, realizado em parceria com a designer Clara Meliande, ocupou o Centro Carioca de Design entre 15 de abril e 10 de junho de 2013. Ele viabilizou a edição e impressão de 4 livros de baixa tiragem cujos temas envolviam o pensamento sobre cidades e o projeto gráfico refletia a pesquisa dos envolvidos com relação ao processo de produção de livros através de meios digitais e manuais.
   
O projeto começou com uma convocação para agentes da indústria criativa que tivessem interesse em submeter suas pesquisas individuais ou coletivas relacionadas ao tema proposto. O material recebido foi analisado por um comitê de curadoria e a partir daí, 3 trabalhos foram selecionados e transformados em livros. O quarto livro foi elaborado a partir de registros e vestígios do processo de trabalho da Editora Temporária.

Os livros foram elaborados em parceria entre os selecionados e designers convidados (divididos em duplas de trabalho). Segue abaixo um resumo sobre cada um dos quatro livros editados:


A-125
Autoras: Juliana Frontin e Juliana Borzino / Designer: Miguel Nóbrega

Livro-coleção de série de postais produzidos através da transformação analógica de escritos e fotografias encontradas em diversas partes da cidade. São fotografias antigas com as imagens desvanecendo aos poucos.
   
O processo de impressão do livro busca reforçar essa transformação das fotografias com o uso de objetos de impressão analógicos – carimbo, fotocopiadora, solvente para tintas, máquina de escrever e duplicadora – para reproduzir as imagens da frente e anotações do verso. O processo analógico traz perdas de informação por um lado e ganhos de ruídos por outro, que, por sua vez, transformam as imagens em algo novo, desvinculado de seu original.

Essas fotografias e escritos foram reunidos neste livro ao acaso e formam uma coleção devido a sua condição de transformação e reprodução, mas, ao mesmo tempo, o formato de postal estimula que essa coleção se disperse novamente.


Cidade-andaime: estruturas transitórias na cidade contemporânea
Autor: Pedro Évora / Designer: Luiz Arbex

Uma investigação sobre o papel das estruturas arquitetônicas transitórias que, por sua adaptação e flexibilidade às condicionantes que atuam na cidade, tornaram-se indissociáveis do metabolismo da urbe. Mas como seria então caso tais estruturas não existissem? E ainda, como será quando os andaimes ou as escoras forem a própria arquitetura final?

O projeto gráfico de Luiz Arbex procura evidenciar o tema da transitoriedade presente na pesquisa, e na própria condição de sua publicação em uma editora temporária, por meio de um layout e uma encadernação que não se apresentam fixos, definitivos. Ao contrário da tradição livresca da permanência e da linearidade, a proposta se aventura na investigação de outras dinâmicas de leitura e fruição do livro impresso.


Caderno de Observações ou Coreografias do Cotidiano
Autora: Emika Takaki / Designer: Tania Grillo

Um caderno-livro-mapa sobre o movimento do corpo na cidade. Fragmentos e alguma poesia de observação do movimento das pessoas na cidade do Rio de Janeiro.

Através de percepções compartilhadas entre a autora e a designer o livro foi desenvolvido para novas possíveis percepções do movimento do corpo na cidade: caminhar a deriva, aleatoriamente, sem um objetivo além do próprio caminhar e observar a cidade. Mapas, textos e imagens se intercalam, conversam, se interrompem.... e o leitor/performer escolhe por onde continuar.
    
Faz parte do jogo ser observado no ambiente urbano, sentir-se vulnerável, deixar se perder para encontrar respostas que antes talvez estivessem ocultas no caminhar cotidiano, inconsciente e coreográfico.

O processo de edição selecionou fragmentos da tese de doutorado da autora e seus vídeos de observação do movimento das pessoas na cidade.


Editora temporária: processo impresso
Autora e Designer: Clara Meliande

O livro registra a feitura dos outros 3 livros - “A-125”, “Cadernos de Observações ou Coreografias do Cotidiano” e “Cidade-andaime: estruturas transitórias na cidade contemporânea”, através do recolhimento e edição de rastros dos processos. Foram coletados estudos de layout, material original das pesquisas, experiências de impressão e desenhos esquemáticos. Foi pedido também que cada autor junto com o designer, escrevesse um texto sobre o projeto de fazer o livro.



Escola aberta

Entre os dias 06 e 10 de agosto de 2012, o Projeto Escola Aberta ocupou o Centro Carioca de Design na Praça Tiradentes. O evento proporcionou um espaço de livre discussão sobre as diversas formas de pensar, fazer e ensinar design através do estabelecimento de uma escola temporária e gratuita no coração do Rio de Janeiro. Professores e alunos de design gráfico da Gerrit Rietveld Academie, uma das mais renomadas escolas do mundo, iniciaram um programa de atividades que envolveu palestras, workshops, performances e discussões sobre a teoria e a prática no ensino do design, estabelecendo um intenso intercâmbio de ideias entre Brasil e Holanda.
Apesar de contar com nomes como Linda van Deursen (chefe do departamento de design gráfico da Rietveld), Luna Maurer, Radim Peško, Uta Eisenreich e Lisette Smits, (dentre outros), a Escola Aberta foi marcada por uma estrutura curricular não-hierárquica, não-formal e não-dogmática, o que promoveu uma intensa troca de opiniões e ideias. Nesse contexto, os participantes de mentalidade crítica e aberta foram desafiados a atuar como professores, alunos, mestres, aprendizes, designers e artistas.

Os 5 dias de atividades da Escola Aberta resultaram na promoção do desenvolvimento intelectual e profissional dos participantes, em sua maioria brasileiros do Rio assim como de outros estados, democratizando as possibilidades de aprendizagem.



Editora temporária - 2a edição


Editora temporária é um projeto de ocupação que propõe o encontro entre pessoas interessadas em pensar publicações de pequenas tiragens com temas relacionados à cidade e sua vivência. Sua segunda edição, idealizada e realizada em parceria com a designer Clara Meliande em 2017, ocupou o Centro Carioca de Design na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro. Durante três meses designers, autores e editoras se reuniram para elaborar e, finalmente, publicar três livros de baixa tiragem. Os livros foram selecionados através de uma chamada pública por projetos que debatessem as recentes mudanças urbanísticas ocorridas no Rio de Janeiro em função dos grandes eventos esportivos de 2014 e 2016. Os designers Ana Costa, Tatiana Podlubny e Thiago Lacaz participaram conosco difícil tarefa de escolher 3 dentre 117 pesquisas de pessoas entre 12 e 70 anos, vindas de diversos cantos do país.

O livro De quem te protege a muralha? do historiador e escritor Thiago Florencio é uma proposta de deriva pela região central do Rio de Janeiro. Ele fala sobre uma grande muralha, que mesmo de curta sobrevivência, e cuja construção não tenha sido totalmente concluída, existiu na cidade do Rio de Janeiro. Em seu projeto original de 1714 ela deveria atravessar a cidade desde o pé do Morro do Castelo, margeando a atual Rua Uruguaiana, passar por cima do Morro da Conceição até findar no Largo da Prainha, nos arredores da atual Praça Mauá. Por meio de uma caminhada, marcada por encontros e descobertas, refizemos o trajeto da muralha, entendendo o que era o dentro e o fora da cidade, o que era margem e o que era centro. A encadernação do livro reforça a ideia de 2 lados, dentro e fora, estabelecido e marginalizado, por ter páginas costuradas dobradas, que só são visíveis se o leitor abrí-las lateralmente.

Zonzo: investigadores urbanos nasceu a partir de um convite a 28 crianças de 09 a 13 anos residentes na Favela da Babilônia, para narrar, mapear e reconstruir coletivamente o espaço onde moram. Junto com a arquiteta Julia Sant’Anna e a estudante de direito Carolina Movilla, as crianças brincaram, observaram, identificaram, desenharam e reconheceram seu território, seus deveres e direitos, e se tornaram investigadoras urbanas. O livro convida outras crianças, através dos registros desses meninos e meninas, zanzarem pela cidade como exercício para entender de onde vem, suas referências, conhecer seu entorno, sonhar e reivindicar o lugar que querem viver. O livro é recheado de propostas de investigação e descobrimento partindo da casa, da rua, do bairro até a cidade. Uma publicação sobre mapeamento e urbanismo de crianças para crianças.

Mobilidade Performativa de Elilson Nascimento, propõe através da realização de performances em ruas e em transportes coletivos, colocar em trânsito as transformações na cidade do Rio de Janeiro. O trabalho expõe relações teóricas entre mobilidade urbana e arte da performance, enquanto narra transformações pontuais ocasionadas pelo próprio ato performático no cotidiano da cidade.










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